Vêr pela primeira vez Who's Afraid of Virginia Woolf? no cinema pode ter o mesmo impacto que vêr qualquer Cassavetes, também no cinema. Aliás, e curiosamente, este filme que antecede a New Hollywood lembra de certa forma Faces, que estreou dois anos depois, em 1968. Para além de vários aspectos de imagem, em ambos os filmes trata-se de forma crua o desabar de um casamento num curto espaço de tempo. O ódio e a ironia, que sempre tiveram presentes, agudizam-se de tal forma que é inevitável a chegada a um ponto aparentemente nunca antes chegado, a ruptura. Ruptura essa indispensável e necessária para um novo começo e uma nova tentativa, afinal de contas, e apesar de toda a irracionalidade e absurdo das relações, most of us need the eggs.
segunda-feira, 27 de junho de 2011
sexta-feira, 24 de junho de 2011
sábado, 18 de junho de 2011
Últimas
13 anos depois do seu último filme, The Last Days of Disco, Whit Stillman vai voltar à realização. Não é certo ainda se será já este ano ou em 2012, mas será com certeza um dos regressos mais aguardados dos últimos anos. Para quem não reconhece importância no feito, digamos que o impacto seria o mesmo se Tarantino não tivesse levado a cabo mais nenhum projecto desde Jackie Brown. Tarantino que tem, por sua vez, data de estreia marcada para o seu próximo filme, Django Unchained, em Dezembro de 2012.
Para terminar, e ficando tudo em família, destaque-se também o regresso de Peter Bogdanovich, ainda sem data definida, com Squirrel to the Nuts, produzido por Wes Anderson e Noah Baumbach. Como complemento à notícia segue ainda uma interessante conversa entre Wes Anderson e Bogdanovich, a propósito de They All Laughed.
segunda-feira, 6 de junho de 2011
Nobody ever really escapes
As premissas de Jules Dassin neste poderoso Brute Force não andarão muito longe da extorsão, força, violência e fuga. Aliás, praticamente toda a obra de Dassin anda em torno destes temas. Personagens enclausurados nas suas próprias prisões, onde apenas o dinheiro e o poder as move. Neste filme essas prisões são, efectivamente, as celas de uma prisão. Planeia-se a fuga em grupo mas o meio é implacável.
Quase se pode fazer um paralelismo anos mais tarde com Le Trou, de Jacques Becker. No entanto, enquanto que num a fuga assemelha-se para o protagonista mais como uma libertação de espírito (pese ainda assim a violência brutal das derradeiras cenas), em Becker esta materializa-se na fraqueza da experiência em prol da extorsão. Representa a certeza de que escolhido esse caminho, acarretam-se os riscos e nada se poderá fazer dali em diante.
Em ambos os casos é mostrado ao espectador o vazio e a frieza que pairam nos corredores das prisões no fim de cada tentativa de fuga. Não com uma conotação moralista, afinal estamos a falar de Becker e Dassin, mas como alerta precisamente para o terror que será a vida daqueles que ousaram escapar.
Uma coisa é certa: em ambos os casos é proposta uma alternativa à máxima the only winning move is not to play. Não tentando a fuga, quase todos sairão da prisão, ainda que muitos anos mais tarde. Ainda assim, entrando no jogo, ou se ganha ou se perde, para sempre, para os dois lados.
sábado, 4 de junho de 2011
Xadrez
Em Night Moves, de Arthur Penn, o protagonista Gene Hackman, que apanhou horas antes a sua mulher a traí-lo, está sentado a ver um jogo de futebol americano. A mulher chega a casa sem saber de nada e pergunta-lhe sobre o jogo: quem está a ganhar? Ao que ele responde: ninguém, uma equipa está a perder mais lentamente do que a outra. Não é tão trágico como aquilo que o outro disse nos anos 80: the only winning move is not to play, ainda assim não deixa de ter o seu encanto. Enquanto que uma das frases pressupõe uma apatia e descrença natural já que só no início se poderia ter tomado uma decisão, a outra remete-nos para uma existência que adia aos poucos o erro, ou a perda. Seja em que jogo fôr.
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